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O rádio ao vivo e a cores

27 de maio de 2009

Nos anos áureos do rádio, este era um espetáculo, com direito a uma grande platéia tanto do lado de lá como do lado de cá das válvulas: Das grande rádios como a Nacional do Rio em seus grandes shows dos “Cantores do Rádio” às emissoras do interior promovendo shows de artistas locais e disputados game-shows, o fator platéia esteve intimamente ligado a arte de fazer rádio dos anos 40 e 50.

Cidade X Cidade - Rádio Clube

(Programa “Cidade contra cidade”, realizado nos anos 50 pela Rádio Clube de Americana, no antigo Cine Cacique – Arquivo/Rádio Você)

O tempo passou, a TV surgiu e engoliu boa parte do bolo publicitário, e os radialistas foram sendo confinados aos estúdios, matraquiando sozinhos ao microfone e tocando discos que lhe eram mandados.

Pelo menos foi assim até os últimos tempos, aonde a mídia está tendo que rebolar e sair da zona de conforto pra sobreviver. E se falando especificamente sobre rádio, um ângulo que merece ser destacado é a reintrodução do formato de programas com platéia pela rede CBN.

Há algum tempo a rádio anda passando por modificações na sua grade, saindo do “all-news” e mirando no que eu chamaria de “all-information”: Menos noticiário bruto e mais conteúdo que ajude o ouvinte a entender o mundo, não apenas registrar o que acontece nele. Um dos indícios dessa tranformação é a presença cada vez mais forte na grade dos programas com platéia, que são exatamente a mesma coisa que um “programa de auditório”, apenas usando uma expressão diferente para não dar margem a outras associações.

(Foto do Flickr do CBN São Paulo, na transmissão do aniversário de 455 anos da cidade de São Paulo)

Quem nos falou um pouco sobre esse assunto de reintrodução do formato de platéia no rádio no caso da CBN foi a Mariza Tavares, diretora de jornalismo da casa:

Ionosfera da Mídia – Quando surgiu a idéia de reintroduzir esse formato de programa no rádio pela CBN?

Mariza Tavares – Rádio e plateia têm tudo a ver e estamos trabalhando nisso há alguns anos. O Fim de Expediente, ancorado por Dan Stulbach, já completou três anos de existência e uma de suas marcas registradas é o último programa do mês ser com plateia, no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O Divã do Gikovate, que vai comemorar dois anos, seguiu o mesmo caminho e, uma vez por mês, é com plateia. Além disso, também fazermos programas especiais com público em datas como os aniversários de São Paulo e do Rio de Janeiro. Este ano, inclusive, o CBN Rio em comemoração ao aniversário da cidade foi num quiosque às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.

– Os âncoras aprovaram essa idéia?

Todos os âncoras gostaram da proposta, porque este é um contato direto com o público que traz muito mais emoção à programação.

– De que forma, no seu ponto de vista, os programas com platéia atendem com os objetivos da CBN?

Rádio é informação em tempo real e talvez seja um dos veículos mais próximos do seu público. O programa com plateia é a materialização desta proposta.

– O programa com platéia é diferencial só para quem está lá mesmo in loco, assistindo, ou quem só ouve pelo rádio também ganha com esse formato?

A participação do público que está no local também torna a transmissão mais viva, mais quente. Quem está ouvindo sente isso.

– A CBN tem planos de levar mais programas para esse tipo de formato?

Este é sempre um desafio, mas queremos ampliar ações deste tipo. Além de programas ao vivo com plateia, também temos experiências interessantes de gravar especiais com plateia que depois são veiculados no fim de semana.

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São iniciativas assim que dão vontade de aplaudir o rádio brasileiro. Da platéia, de preferência.